sábado, março 25, 2023

As Ideias Têm Consequências


Um livro ao mesmo tempo difícil e de extrema necessidade de ser lido por todos!

O norte-americano Richard M. Weaver (1910-1963) escreveu um ensaio filosófico que, se para a época já era urgente ter essas reflexões, para hoje parece ainda mais urgente e que já estaríamos bem atrasados!

O livro As Ideias Têm Consequências foi escrito logo após a 2ª Guerra Mundial e publicado em 1948. Portanto, o mundo estava passando por uma euforia e uma positividade tomava conta da população.

O livro é em grande parte um tratado sobre os efeitos nocivos do Nominalismo na civilização ocidental desde que essa doutrina ganhou destaque no final da Idade Média, seguido por uma prescrição de ações que deveríamos fazer o qual o autor acredita que o Ocidente pode ser resgatado de seu declínio.

Weaver atribui o início do declínio ocidental à adoção do Nominalismo, que seria a a rejeição da noção de verdade absoluta. O principal proponente dessa revolução filosófica foi Guilherme de Ockham.

As consequências dessa revolução foram a erosão gradual das noções de distinção e hierarquia e o subsequente enfraquecimento da capacidade de raciocinar da mente ocidental. Esses efeitos, por sua vez, produziram todos os tipos de males sociais, dizimando a arte, a música, a educação e a moral ocidentais.

Como exemplos das consequências mais recentes e extremas dessa revolução, teríamos a crueldade do bombardeio de Hiroshima, a falta de sentido da arte moderna, o cinismo e a apatia dos Estados Unidos diante da guerra justa contra o nazismo e a ascensão do que ele chama de " O Grande Estereoscópio", que é o grande instrumento que é utilizado para propagar e difundir no imaginário da população essas crenças.

Weaver conclui propondo que medidas deliberadas possam ser tomadas para iniciar a regeneração da civilização ocidental. Entre eles, ele propõe que a linguagem seja reinvestida em valor e que o direito à propriedade privada , que ele chama de "o último direito metafísico", seja mantido, entre outras coisas porque fornece uma base material para o sustento humano e, assim, fornece ao indivíduo os meios para ser independente de um sistema corrupto.

Duas citações bem elucidativas do livro:

Por quatro séculos, cada homem tem sido não apenas seu próprio sacerdote, mas seu próprio professor de ética, e a consequência disso é uma anarquia que ameaça inclusive aquele consenso mínimo de valores necessário ao Estado.

A fraternidade nos faz direcionar nossa atenção aos outros, e a igualdade nos faz direcioná-la a nós mesmos. Ademais, a paixão pela igualdade coincide com o crescimento do egoísmo. O quadro de conduta erigido pela fraternidade é ele mesmo a fonte da conduta ideal. Onde o homem percebe que a sociedade pressupõe posições hierárquicas, os que estão nos postos mais altos e mais baixos veem que seus esforços contribuem para um fim comum, e eles estão antes em harmonia uns com os outros, e não em concorrência.


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