segunda-feira, outubro 06, 2025

O Alienista


Continuando no mundo Machadiano, temos aqui O Alienista (1882), uma novela que combina humor, ironia e filosofia para discutir os limites da razão, da loucura e do poder. 

A narrativa gira em torno do médico Simão Bacamarte, um renomado cientista que decide se dedicar ao estudo da mente humana. De volta à sua cidade natal, Itaguaí/RJ, ele funda a Casa Verde, um hospício destinado a abrigar os “loucos” da região. 

Com o passar do tempo, Bacamarte começa a internar praticamente todos os habitantes da cidade (políticos, religiosos, esposas, vizinhos) sob os mais variados pretextos. A cidade entra em caos, revoltas populares e crises políticas eclodem, mas o médico segue firme em sua “missão científica”. 

Em um desfecho surpreendente, Bacamarte decide que, talvez, os verdadeiramente loucos sejam os equilibrados demais e acaba internando a si próprio. 

Flertando entre a loucura e a razão, Machado coloca em xeque o que realmente significa ser “são”. A busca obsessiva de Bacamarte pela racionalidade absoluta o leva à própria loucura, expondo o perigo do excesso de razão. 

Além disso, as revoltas em Itaguaí revelam uma sociedade guiada por interesses pessoais e vaidades, não por princípios. Machado, com humor ácido, mostra como o poder e o prestígio corrompem tanto o cientista quanto os governantes. 

Temos em O Alienista uma alegoria universal sobre o poder, a ciência e a insanidade humana. A obra continua atual, pois questiona a racionalidade que governa as instituições e a tênue linha entre sanidade e loucura.

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