Escrito no século I d.C., De Brevitate Vitae é uma das obras mais célebres do filósofo estoico Lúcio Aneu Sêneca (4 a.C-65). Trata-se de uma carta ensaística, na qual o autor reflete sobre o tempo, a finitude da existência humana e a forma como os homens desperdiçam suas vidas em ocupações inúteis, ambições vãs ou prazeres passageiros.
Sêneca parte da provocativa tese de que a vida não é curta em si mesma, mas se torna curta quando mal administrada. O tempo, o bem mais precioso, é o único recurso verdadeiramente irrecuperável; no entanto, os homens se comportam como se fosse inesgotável. Trabalhos desnecessários, busca incessante por riquezas, carreiras políticas desgastantes e prazeres superficiais consomem o viver, restando pouco espaço para a filosofia e para a contemplação daquilo que dá sentido à existência.
Sua crítica à dispersão e ao apego às coisas efêmeras ecoa fortemente em uma sociedade moderna marcada pela pressa, pelo consumismo e pela ilusão da produtividade constante. Ao defender a vida filosófica como o verdadeiro uso do tempo, Sêneca não propõe um isolamento do mundo, mas sim uma atitude de consciência, reflexão e busca daquilo que é essencial.
Em um mundo em que “não temos tempo para nada”, Sêneca nos lembra que não é a vida que nos falta, mas sim a consciência de vivê-la plenamente.
Sobre a Brevidade da Vida é uma obra breve, mas de impacto profundo. É ao mesmo tempo uma advertência e um convite: a advertência de que o tempo se esvai nas ocupações fúteis e o convite para resgatarmos o que há de mais humano que é a capacidade de pensar, escolher e viver de forma autêntica.