quinta-feira, maio 01, 2025

Frankenstein

 


Publicado em 1818, Frankenstein é uma das obras fundadoras da ficção científica, mas vai muito além do gênero ao explorar temas filosóficos e existenciais profundos. Mary Shelley (1797-1851), com apenas 19 anos quando escreveu o romance, constrói uma narrativa complexa e profundamente humana, que discute os limites do conhecimento, a ética científica, e a alienação.

A trama gira em torno de Victor Frankenstein, um jovem cientista obcecado por descobrir os segredos da vida. Em seu isolamento e ambição desmedida, ele cria uma criatura a partir de partes de cadáveres e a traz à vida. O monstro, no entanto, é rejeitado desde o início – tanto pelo seu criador quanto pela sociedade – e, ao tentar entender o mundo e buscar aceitação, é confrontado com o preconceito, o abandono e a violência.

O grande mérito do livro está na ambiguidade moral: não há vilões ou heróis puros. O monstro, frequentemente visto como símbolo da monstruosidade, revela-se uma figura trágica, dotada de sentimentos e consciência. Já Victor, que deveria representar o progresso e a razão, se mostra irresponsável, cego por sua vaidade intelectual, incapaz de lidar com as consequências de seus atos.

Shelley também antecipa questões éticas que continuam relevantes: até onde a ciência deve ir? O que significa ser humano? Qual é o papel da responsabilidade na criação? Essas perguntas dão à obra uma atualidade surpreendente.

Frankenstein é uma obra-prima que transcende sua época e seu gênero. Mary Shelley oferece não apenas um suspense envolvente, mas um retrato sombrio da condição humana, da solidão e do desejo de pertencimento. É uma leitura essencial para quem busca entender os dilemas morais e existenciais do ser humano diante do poder de criação.

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