sexta-feira, outubro 24, 2025

Como Ser Cristão


Como ser Cristão, publicado em 2018, reúne uma seleção de ensaios, cartas e artigos de C.S. Lewis (1898-1953), editados postumamente, com o objetivo de oferecer “os melhores insights de Lewis sobre a prática cristã e sua expressão no dia-a-dia”.

O autor trabalha algumas ideias como a definição de “ser cristão” não ser apenas uma afiliação ou crença, mas como um modo de viver, trazendo a importância da humildade, do perdão, da caridade e da renúncia de si mesmo.

Mesmo sendo fragmentário, o livro chama atenção para a coerência entre fé e prática, algo que muitos cristãos consideram difícil hoje. Por exemplo, o capítulo sobre perdão como prática necessária é muito simples de entender, mas é desafiador de se colocar em prática.

O livro oferece percepções valiosas sobre como a fé pode alimentar não só a vida pessoal, mas também a justiça e o serviço ao próximo.

Temos aqui uma boa porta de entrada rica e honesta para a vida cristã: leve o suficiente para não sobrecarregar, profundo o bastante para provocar.

domingo, outubro 19, 2025

O Pai Goriot

Publicado em 1835, O Pai Goriot é uma das obras mais emblemáticas de Honoré de Balzac (1799-1850) e peça central do vasto ciclo A Comédia Humana, projeto literário monumental que buscava retratar a sociedade francesa em toda a sua complexidade moral, social e econômica.

A narrativa se passa em Paris, por volta de 1819, e tem como cenário principal a pensão Vauquer, um microcosmo social onde convivem personagens de diferentes origens e ambições. É ali que se cruzam as trajetórias de Rastignac, um jovem estudante de Direito ambicioso e idealista, e de Goriot, um velho comerciante que se arruinou financeiramente para sustentar suas duas filhas ingratas, Anastacia e Delphine.

O drama central do romance é o amor paterno absoluto e trágico de Goriot, que sacrifica tudo — dinheiro, dignidade e saúde — por filhas que, uma vez casadas e inseridas na alta sociedade, passam a desprezá-lo. Balzac transforma essa relação em uma poderosa alegoria do egoísmo e da corrupção moral da burguesia parisiense, onde o dinheiro se torna o verdadeiro mediador de todas as relações humanas.

Balzac combina realismo minucioso e observação social precisa, descrevendo ambientes, vestimentas e gestos com riqueza de detalhes quase científica.

O romance é considerado o “Rei Lear burguês”, pela semelhança com a tragédia de Shakespeare — um pai dilacerado pelo amor desmedido a filhas ingratas —, mas transposto para o contexto da ascensão burguesa e da luta por status no século XIX. Só que Goriot não tem a sua Cordélia para amenizar a tragédia que se abate sobre si.

A força do romance está tanto no retrato psicológico profundo de Goriot quanto na precisão sociológica da crítica balzaquiana. O leitor, ao final, é confrontado com uma pergunta perturbadora: qual o preço da ascensão social em uma sociedade movida pelo dinheiro?

sábado, outubro 18, 2025

Nintendo Switch 2

 


Não tem jeito! Nintendo é meu fraco!! Se passaram apenas 4 meses após o lançamento do novo console da Nintendo e hoje chega o Nintendo Switch 2 à minha casa.

Na época do lançamento do Switch 1 eu comprei ele com 5 meses de mercado e agora refaço o mesmo caminho que fiz com a 1ª versão desse maravilhoso console.

Comprei o Switch 1 em agosto/2017 e foram oito ótimos anos que ele me serviu bem e, com certeza, o console que mais joguei nesses anos, mesmo tendo o PS5 e o XONE em casa.

Com a chegada do Switch 2 em casa, pela primeira vez em anos, irei me desfazer de um console, pois não faz sentido manter o Switch 1, sendo que este novo console é totalmente retrocompatível com os jogos antigos.

Consegui comprar até num preço bom, um pouco abaixo do preço que está sendo praticado no mercado (paguei R$ 3.554,00).

Já pude jogar um pouco e realmente a diferença é muito grande comparado com a versão 1. A tela é maior, o som é melhor, o encaixe dos controles foi melhorado, ou seja, Nintendo fazendo a evolução natural de um console que fez história na empresa!

Mantenho os 33 consoles na coleção.

CONSOLES DE MESA (25):

  • Nintendo: NES, Super Nintendo, Nintendo 64, Game Cube, Wii, Wii U e Switch 2
  • Sega: Master System; Mega Drive, Sega CD, Saturn e Dreamcast;
  • Sony: PS1, PS2, PS3, PS4 e PS5
  • Microsoft: Xbox; Xbox 360, Xbox One S, Xbox Series X;
  • Outros: Odyssey2, Atari 2600, Ouya e Neo Geo CD.

CONSOLES PORTÁTEIS (8):

  • Nintendo: Game Boy, Game Boy Color, Game Boy Advance SP, DS e New 3DS XL.
  • Sony: PSP e PS Vita;
  • GamePad Digital: GPD XD


sexta-feira, outubro 10, 2025

O Livro das Maravilhas


 Publicada em 1912, O Livro das Maravilhas reúne catorze contos curtos acompanhados das ilustrações de Sidney Sime, que dialogam com o texto. Esse é um caso raro, onde as ilustrações nasceram primeiro e o autor escreveu a história imaginando os acontecimentos de cada imagem. O autor, Lord Dunsany (1878-1957), foi um dos pioneiros da literatura fantástica moderna. Ele influenciou profundamente autores como H. P. Lovecraft, J. R. R. Tolkien e Neil Gaiman. 

Portanto, cada conto apresenta um mundo imaginário autônomo, frequentemente habitado por deuses menores, aventureiros, ladrões e viajantes que desafiam os limites do real. Alguns exemplos: 

  • A Busca pelas Lágrimas da Rainha onde um herói tenta provocar emoção numa rainha incapaz de chorar.
  • Chu-Bu e Sheemish onde dois deuses rivais disputam a devoção dos fiéis. 
  • A Coroação do Sr. Thomas Shap onde um homem comum é coroado rei num mundo paralelo. 

Dunsany convida o leitor a sair do mundo racional e penetrar num universo onde o mistério é sagrado. 

Ele escreve com solenidade e lirismo, aproximando a prosa da linguagem dos contos de fadas e das epopeias clássicas.

Cada conto parece uma pequena lenda oral, narrada com simplicidade e reverência, mas impregnada de ironia e humor sutil. 

O Livro das Maravilhas é uma coletânea essencial para compreender as origens da fantasia literária moderna. Mais do que histórias isoladas, é uma ode à imaginação e ao poder do mito num mundo cada vez mais descrente da magia.

segunda-feira, outubro 06, 2025

O Alienista


Continuando no mundo Machadiano, temos aqui O Alienista (1882), uma novela que combina humor, ironia e filosofia para discutir os limites da razão, da loucura e do poder. 

A narrativa gira em torno do médico Simão Bacamarte, um renomado cientista que decide se dedicar ao estudo da mente humana. De volta à sua cidade natal, Itaguaí/RJ, ele funda a Casa Verde, um hospício destinado a abrigar os “loucos” da região. 

Com o passar do tempo, Bacamarte começa a internar praticamente todos os habitantes da cidade (políticos, religiosos, esposas, vizinhos) sob os mais variados pretextos. A cidade entra em caos, revoltas populares e crises políticas eclodem, mas o médico segue firme em sua “missão científica”. 

Em um desfecho surpreendente, Bacamarte decide que, talvez, os verdadeiramente loucos sejam os equilibrados demais e acaba internando a si próprio. 

Flertando entre a loucura e a razão, Machado coloca em xeque o que realmente significa ser “são”. A busca obsessiva de Bacamarte pela racionalidade absoluta o leva à própria loucura, expondo o perigo do excesso de razão. 

Além disso, as revoltas em Itaguaí revelam uma sociedade guiada por interesses pessoais e vaidades, não por princípios. Machado, com humor ácido, mostra como o poder e o prestígio corrompem tanto o cientista quanto os governantes. 

Temos em O Alienista uma alegoria universal sobre o poder, a ciência e a insanidade humana. A obra continua atual, pois questiona a racionalidade que governa as instituições e a tênue linha entre sanidade e loucura.

domingo, outubro 05, 2025

Dom Casmurro


Finalmente me adentrei numa das obras mais importantes da nossa literatura! Publicado em 1899, Dom Casmurro é uma das obras mais emblemáticas da literatura brasileira e um dos ápices do realismo machadiano. Narrado em primeira pessoa por Bento Santiago, o romance é uma reconstrução de memórias que buscam “atar as duas pontas da vida”, relembrando sua juventude, o amor por Capitu e o suposto adultério que teria destruído sua felicidade. 

A escrita de Machado de Assis (1839-1908) é marcada pela ironia, ambiguidade e introspecção psicológica. O narrador tenta justificar ao leitor o porquê de seu isolamento e melancolia. No entanto, à medida que a narrativa avança, percebe-se que Bento é um narrador pouco confiável, conduzindo o leitor por um labirinto de dúvidas.

A célebre suspeita sobre a fidelidade de Capitu — “olhos de cigana oblíqua e dissimulada” — nunca é confirmada nem desmentida, o que transforma o romance em um estudo sobre o ciúme, a insegurança e o poder da subjetividade. 

Dom Casmurro é um retrato atemporal da condição humana, de nossas incertezas, ilusões e autossabotagens. O romance se mantém atual por sua profundidade psicológica e por deixar ao leitor a tarefa de decidir se Capitu foi, de fato, culpada — ou se tudo não passou de uma tragédia inventada por um homem que amou mal. 

Ao final da história eu cheguei na minha opinião sobre a Capitu o que pode ser totalmente diferente da sua e ambos estaremos certos. Só por isso ja poderia considerar esse o melhor romance que já li na vida e ainda ter o orgulho de ser uma história genuinamente brasileira.

domingo, setembro 28, 2025

Ana Terra


Ana Terra, publicado originalmente em 1949 como parte da trilogia O Tempo e o Vento, narra a trajetória da personagem-título, uma mulher marcada pela dureza da vida nos pampas gaúchos do século XVIII, período de colonização e conflitos fronteiriços no sul do Brasil. 

A protagonista é retratada como símbolo da resistência e da luta feminina diante de uma realidade social e cultural hostil. Ana vive em um ambiente patriarcal, onde a mulher é destinada à submissão, mas sua força e determinação a transformam em figura de ruptura. Seu relacionamento com Pedro Missioneiro, de origem indígena, e a gravidez decorrente dele representam não apenas um conflito moral e familiar, mas também um choque cultural que expõe tensões entre preconceito, tradição e afetividade. 

Érico Veríssimo (1905-1975), com sua escrita fluida, não se limita a contar a saga de uma família; ele capta a construção da identidade do povo gaúcho. Ana Terra evidencia como a violência, a religiosidade e a luta pela terra moldaram o caráter de uma sociedade. Esse pequeno capítulo da trilogia original atiçou a vontade de ler toda a obra, algo que farei no futuro próximo. 

Enfim! Ana Terra é um livro que ultrapassa o regionalismo: é um retrato da condição humana diante da adversidade. A narrativa valoriza a coragem individual como alicerce da coletividade e reafirma o papel da mulher como protagonista silenciosa da história.

quarta-feira, setembro 24, 2025

Progresso na Vida Espiritual


Publicado em 1854, Progresso na Vida Espiritual do teólogo inglês Frederick Faber (1814-1863), que se converteu do anglicanismo ao catolicismo, é um tratado de espiritualidade católica que busca orientar o fiel no caminho de santificação progressiva. A obra se estrutura como um guia prático e meditativo, no qual o autor expõe, em linguagem profundamente devocional, as etapas do crescimento interior e da união com Deus. 

O ponto forte do livro está em sua combinação de clareza pastoral e densidade teológica. Faber não se limita a descrições abstratas da vida espiritual; ele propõe conselhos concretos para a prática da oração, da mortificação, da caridade e da confiança em Deus, com ênfase na ação da graça divina, sem anular a responsabilidade humana. 

O convite de Faber à perseverança, ao autoconhecimento espiritual e à busca sincera da santidade ressoa até hoje, mesmo para um livro escrito dois sefulos atras. Pontos que ele trazia à época que o inglês deveria tomar cuidado para não sair do caminho santificante, ressoa hoje como se tivéssemos feito o caminho contrário.

sexta-feira, setembro 12, 2025

A Arte de Viver


O Encheiridion, conhecido em português como A Arte de Viver, é um manual conciso do estoicismo elaborado a partir dos ensinamentos de Epiteto (50-138), compilados por seu discípulo Arriano. Ao contrário de tratados extensos, a obra tem caráter prático e direto: é menos um exercício especulativo e mais um guia de conduta para a vida cotidiana.

A mensagem central é a distinção entre o que está sob nosso controle (opiniões, desejos, escolhas) e o que não está (riqueza, saúde, reputação, morte). Epiteto insiste que a verdadeira liberdade e tranquilidade surgem ao concentrar-se apenas naquilo que depende de nós, aceitando o resto com serenidade. Essa postura torna-se um antídoto contra as perturbações e ansiedades que nascem do apego às circunstâncias externas.

A obra se destaca pela clareza e força moral de suas sentenças, mas também revela limitações. Sua ênfase na resignação pode parecer excessiva ou pouco prática em contextos sociais e políticos em que a ação coletiva é necessária para a justiça. Além disso, o foco na autossuficiência interior, embora libertador, pode soar individualista, relativizando a importância de vínculos comunitários ou afetivos, contrários aos ensinamentos cristãos. 

Ainda assim, sua relevância permanece viva: em um mundo marcado pela instabilidade, o chamado de Epiteto à disciplina interior, à aceitação lúcida e à liberdade espiritual continua atual. O livro não é apenas uma introdução ao estoicismo, mas uma provocação a repensarmos o que realmente controlamos em nossas vidas e o que nos aprisiona em falsas expectativas.

quinta-feira, setembro 11, 2025

História da Igreja: Marcas da presença de Cristo no Mundo


O livro História da Igreja: Marcas da presença de Cristo no Mundo, da historiadora italiana Angela Pellicciari (1948-), é uma introdução acessível e envolvente aos mais de dois mil anos de trajetória da Igreja Católica. Com linguagem clara, a autora apresenta os grandes marcos, crises, santos e concílios que moldaram a fé cristã, sempre ressaltando o testemunho espiritual que acompanha a história.

Um dos pontos fortes da obra é justamente este: mostrar que a Igreja não é apenas uma instituição, mas também uma comunidade viva, marcada pela ação de Cristo ao longo do tempo. Além disso, o livro não esconde momentos de perseguição, divisões internas e crises morais.

Há certa seletividade temática: a narrativa foca mais na experiência europeia e institucional, deixando em segundo plano perspectivas de comunidades periféricas, mulheres ou povos não ocidentais. Mas por ser um livro de 320 páginas, a autora teve que fazer várias concessões e essa foi uma delas.

Ainda assim, trata-se de uma leitura recomendada para católicos que desejam fortalecer sua compreensão da fé e da tradição.

terça-feira, setembro 02, 2025

A Hora e a Vez de Augusto Matraga


O conto A hora e vez de Augusto Matraga, publicado originalmente em Sagarana (1946), condensa, em poucas páginas, a violência, a redenção, a religiosidade e a tensão entre o destino e a liberdade humana. 

A narrativa acompanha Augusto Esteves, conhecido como Nhô Augusto, fazendeiro prepotente, mulherengo e violento que, após ser traído e espancado por inimigos, é dado como morto. Salvo por um casal de negros pobres, ele inicia uma trajetória de isolamento, penitência e conversão religiosa. Ao longo dos anos, vivendo em penitência e disciplina, tenta se preparar para “sua hora e vez” — o momento de provar seu valor espiritual. 

Guimarães Rosa (1908-1967) utiliza a linguagem sertaneja, rica em oralidade, arcaísmos e expressões regionais, para dar autenticidade e, ao mesmo tempo, transcendência à narrativa. O sertão aqui é mais do que cenário: é espaço simbólico onde se dão as lutas da alma humana. 

O aspecto mais poderoso da obra é a construção da figura de Nhô Augusto como um anti-herói que se torna mártir. Se no início é um homem bruto, entregue à violência e aos vícios, sua queda o leva a um processo de purificação interior que culmina em um gesto de sacrifício. 

A hora e vez de Augusto Matraga é mais que um conto regionalista: é uma narrativa sobre a possibilidade de transformação e transcendência.

segunda-feira, setembro 01, 2025

Ivanhoe


Publicado em 1819, Ivanhoe é um dos romances históricos mais célebres de Walter Scott (1771-1832) e um marco na consolidação do gênero. A obra transporta o leitor para a Inglaterra do século XII, período turbulento em que normandos e saxões disputavam poder após a conquista normanda. Nesse cenário, Scott constrói uma trama em que se misturam cavalaria, amor, intrigas políticas e o espírito medieval. 

O protagonista, Wilfred de Ivanhoe, é um cavaleiro saxão leal ao rei Ricardo Coração de Leão. Deserdado pelo pai por amar Lady Rowena, Ivanhoe retorna disfarçado, revelando sua identidade apenas em torneios e batalhas decisivas. Uma das personagens mais interessantes é Rebecca, uma jovem judia que se torna símbolo de dignidade e resistência em meio ao preconceito medieval. 

Do ponto de vista literário, Ivanhoe combina rigor histórico e imaginação romântica. Scott reconstrói costumes, hierarquias feudais, códigos de cavalaria e tensões étnicas. 

Um dos pontos mais fortes do romance é a crítica velada às injustiças sociais, especialmente no tratamento dado aos judeus. Rebecca é construída como uma das personagens mais nobres e virtuosas do livro, em contraste com cavaleiros cristãos muitas vezes cruéis e interesseiros. 

Ivanhoe permanece como um clássico não apenas pela aventura e pelo pano de fundo histórico, mas pela forma como problematiza identidade nacional, preconceito e a tensão entre ideal e realidade. Walter Scott inaugurou, com esse romance, uma maneira de enxergar a história através da ficção, influenciando profundamente escritores posteriores e moldando o imaginário medieval que ainda ressoa na cultura popular contemporânea.

segunda-feira, agosto 18, 2025

Sobre a Brevidadde da Vida


Escrito no século I d.C., De Brevitate Vitae é uma das obras mais célebres do filósofo estoico Lúcio Aneu Sêneca (4 a.C-65). Trata-se de uma carta ensaística, na qual o autor reflete sobre o tempo, a finitude da existência humana e a forma como os homens desperdiçam suas vidas em ocupações inúteis, ambições vãs ou prazeres passageiros.

Sêneca parte da provocativa tese de que a vida não é curta em si mesma, mas se torna curta quando mal administrada. O tempo, o bem mais precioso, é o único recurso verdadeiramente irrecuperável; no entanto, os homens se comportam como se fosse inesgotável. Trabalhos desnecessários, busca incessante por riquezas, carreiras políticas desgastantes e prazeres superficiais consomem o viver, restando pouco espaço para a filosofia e para a contemplação daquilo que dá sentido à existência.

Sua crítica à dispersão e ao apego às coisas efêmeras ecoa fortemente em uma sociedade moderna marcada pela pressa, pelo consumismo e pela ilusão da produtividade constante. Ao defender a vida filosófica como o verdadeiro uso do tempo, Sêneca não propõe um isolamento do mundo, mas sim uma atitude de consciência, reflexão e busca daquilo que é essencial.

Em um mundo em que “não temos tempo para nada”, Sêneca nos lembra que não é a vida que nos falta, mas sim a consciência de vivê-la plenamente.

Sobre a Brevidade da Vida é uma obra breve, mas de impacto profundo. É ao mesmo tempo uma advertência e um convite: a advertência de que o tempo se esvai nas ocupações fúteis e o convite para resgatarmos o que há de mais humano que é a capacidade de pensar, escolher e viver de forma autêntica.

domingo, agosto 17, 2025

A Divina Comédia: Paraíso


Foi uma grande jornada com um final digno da fama que essa obra carrega. 

O Paraíso é a parte final da Divina Comédia e, ao mesmo tempo, a mais complexa e abstrata da obra de Dante Alighieri. Se no Inferno predominava a concretude das penas e no Purgatório a caminhada esperançosa rumo à purificação, no Paraíso o poeta nos transporta a uma dimensão espiritual de difícil representação, em que a linguagem humana parece insuficiente diante da grandeza divina. 

A narrativa se estrutura na ascensão de Dante, guiado por Beatriz, através das nove esferas celestes até chegar à visão beatífica de Deus. Cada esfera corresponde a um grau de perfeição e virtude, habitado por almas que, de alguma forma, não alcançaram a plenitude da união divina, mas que participam da glória eterna. O poeta dialoga com santos, doutores da Igreja, figuras bíblicas e até com seu bisavô Cacciaguida, que lhe revela sua missão profética e o exílio que enfrentará. 

Foi o canto mais exigente, mas a sua leitura atenta e pausada compensa todo o esforço. O próprio autor se esforçou em traduzir o indescritível dando origem a algumas passagens de uma beleza sublime.

Podemos considerar o Paraíso ao mesmo tempo o auge e o limite da Divina Comédia. É o auge porque cumpre a promessa da jornada: a elevação do homem pela graça até a visão direta de Deus. É o limite porque a experiência divina é intransmissível em palavras e o próprio poeta reconhece sua incapacidade de expressar plenamente o que viu, transformando a falha da linguagem em parte essencial da mensagem. 

Assim, o Paraíso é menos narrativo e mais contemplativo: exige fé, paciência e entrega intelectual. Para alguns, pode parecer chato, mas  pra mim, foi como se eu tivesse tido a oportunidade de vislumbrar um pequeno pedaço do que nos espera caso sigamos o Seu caminho.

segunda-feira, agosto 11, 2025

A Divina Comédia: Purgatório


Continuando a saga da Divina Comédia, agora foi a vez do Purgatório que ocupa posição central, funcionando como ponte entre o terror moral do Inferno e o êxtase luminoso que nos espera no Paraíso. É o livro da esperança e da transformação, no qual Dante, guiado por Virgílio, ascende pela montanha do Purgatório, lugar destinado às almas arrependidas que, embora salvas, ainda necessitam expiar suas faltas. 

A estrutura é rigorosa: sete terraços correspondem aos sete pecados capitais, cada um purgando o vício através de uma contrapassio simbólica. Ao contrário do ambiente opressivo e imutável do Inferno, o Purgatório é dinâmico: as almas estão em movimento, em processo de depuração, e a paisagem é permeada por luz crescente e cânticos sagrados. Essa atmosfera traduz uma mudança fundamental de tom: o medo e a condenação cedem espaço à possibilidade de redenção.

Ao final do livro temos a entrada triunfal de Beatriz na narrativa que se torna a sua nova guia e que já nos dá um vislumbre do que teremos no Paraíso. 

O grande mérito do Purgatório está na sua dimensão humana: é o cântico do arrependimento ativo, da disciplina espiritual e da confiança na misericórdia divina. Ao contrário do Inferno, onde os condenados se tornam estáticos em seus erros, aqui há diálogo, humildade e desejo de mudança. Virgílio, ainda guia racional, começa a ceder espaço a Beatriz, símbolo do amor divino, preparando o leitor para a etapa final da jornada. 

Aqui temos um livro contemplativo e esperançoso, celebrando a transformação pela penitência e pelo amor divino. É o cântico onde o homem, entre a queda e a perfeição, luta para purificar-se e tornar-se digno da luz eterna.

quarta-feira, agosto 06, 2025

A Divina Comédia: Inferno


Depois de concluir a jornada clássica subindo os degraus da Ilíada, Odisseia, Eneida e Metamorfoses; chegou o momento de encarar o clássico do poeta florentino Dante Alighieri: A Divina Comédia

O Inferno é a primeira das três partes que compõem a obra que é considerado um dos maiores marcos da literatura universal. O poema é ao mesmo tempo uma alegoria espiritual, uma construção teológica e um retrato político-social da Florença medieval. 

A narrativa inicia-se com Dante, na noite da Sexta-Feira Santa, perdido numa “selva escura” — metáfora para o pecado e a confusão moral. O poeta é guiado por Virgílio, símbolo da razão e da sabedoria clássica, numa descida pelos nove círculos do Inferno, onde as almas são punidas segundo a gravidade de seus pecados, num sistema de justiça divina chamado contrapasso (a pena reflete ou ironiza o crime cometido em vida). 

A força literária do Inferno está na fusão entre imaginação vívida e rigor moral. As descrições das paisagens infernais e das torturas são ao mesmo tempo reais e simbólicas: do rio Aqueronte às chamas de Lúcifer, tudo é carregado de significados teológicos e filosóficos. O texto vai além da religiosidade, revelando também a indignação política de Dante, que não hesita em colocar inimigos, governantes corruptos e até papas nos círculos infernais. 

A obra convida à reflexão sobre a responsabilidade individual, o papel da razão na condução moral e a necessidade de autoconhecimento para alcançar a salvação. Ainda assim, o Inferno mantém-se atual pela sua universalidade simbólica: todos, em alguma medida, reconhecem a jornada de sair do erro para buscar a luz.

quinta-feira, julho 31, 2025

Metamorfoses

Metamorfoses é uma das obras mais ambiciosas e influentes da literatura clássica latina. Escrita por Ovídio (43 a.C-17 d.C) e levado ao público ao redor do ano 8 d.C., a obra, composta em versos, reune mais de 250 mitos da tradição greco-romana, conectados pelo tema comum da transformação (metamorfose), seja ela física, emocional, simbólica ou espiritual.

Ovídio constrói uma narrativa fluida e engenhosa que começa com a criação do mundo e segue até a deificação de Júlio César, integrando mitos como o de Apolo e Dafne, Eco e Narciso, Píramo e Tisbe, Orfeu e Eurídice, entre muitos outros. Esses episódios, ainda que independentes, são interligados de forma fantástica.

Diferente de Homero e Virgílio, Ovídio não exalta a guerra ou os feitos heroicos como ponto central, mas foca nas experiências humanas — especialmente nas paixões, nos desejos e nas consequências dos atos dos deuses e dos mortais.

Entretanto, a riqueza da obra também impõe desafios: sua extensão e a densidade de referências mitológicas exigem do leitor certo familiaridade com a tradição clássica. No mínimo deve-se ter lido a Ilíada, a Odisseia e a Eneida para começar a apreciar a obra. Ainda assim, sua capacidade de emocionar, surpreender e provocar permanece intacta, mesmo passados mais de dois mil anos.

É uma obra que transcendeu seu tempo e o próprio autor, sabendo da obra magistral que estava escrevendo, finaliza o último livro com os seguintes versos:

“Eis que uma obra encerrei, que nem a ira de Jove,
fogo ou ferro destruirá, ou o ávido tempo.
Quando quiser, o dia, que nada senão este corpo pode clamar,
me encerre o incerto tempo da vida
pois com a parte melhor de mim, perene, por sobre
altos astros irei, e meu nome será indelével;
e onde a potência romana espalhar-se nas terras domadas
todo o povo me lerá, e, em tal fama, pra sempre
(se algo há de vero em presságios de vates) sigo vivendo.”

quinta-feira, julho 17, 2025

O Auto da Compadecida

Publicado em 1955, O Auto da Compadecida é uma das obras mais emblemáticas da literatura brasileira, combinando elementos do teatro popular nordestino com uma crítica social profunda, mas recheada de humor e religiosidade.

Ariano Suassuna (1927-2014), com sua prosa dramática viva e espirituosa, oferece ao leitor um retrato cômico, crítico e ao mesmo tempo compassivo do povo nordestino.

A peça gira em torno de João Grilo e Chicó, dois sertanejos pobres que vivem de espertezas para sobreviver num mundo injusto e desigual. João Grilo, o protagonista, é a figura clássica do malandro inteligente, que usa o discurso e a astúcia para driblar a fome, os poderosos e até a morte. Já Chicó é covarde e mentiroso, mas profundamente humano. A dupla funciona como representação do povo humilde, forçado a improvisar diante das adversidades.

A peça é uma crítica à hipocrisia social, à exploração dos pobres e ao uso distorcido da religião pelos poderosos. A linguagem é outro destaque: rica, inventiva, marcada por regionalismos e expressões populares que dão autenticidade aos personagens e ritmo ao texto. Suassuna consegue o feito de unir o popular ao sofisticado, o riso à reflexão, o teatro à poesia.

Mesmo para quem viu apenas o filme, temos aqui uma leitura indispensável para quem deseja compreender o Brasil profundo, com suas dores, fé e esperanças.

domingo, julho 13, 2025

Paróquia Nossa Senhora Rainha da Paz


Aproveitando que estava em Goiânia esse final de semana, hoje foi dia de asssistir a missa dominical em uma nova paróquia.

Participei da missa na Paróquia Nossa Senhora Rainha da Paz que foi inaugurada em maio de 1969.

A paróquia é simples, sendo parecida com a minha. Possui uns vitrais na parte superior e o altar com um painel com um desenho de Cristo.

A liturgia foi bem seguida e o padre fez uma boa homilía. Graças a Deus que essa comunidade tem uma boa paróquia para servi-la.



sábado, julho 12, 2025

Eneida


A Eneida, escrita por Virgílio (70 a.C.-19 a.C.) no século I a.C., é mais do que uma epopeia mitológica sobre a fundação de Roma: é um projeto literário profundamente político, que combina poesia, propaganda e filosofia. Composta em doze livros e inspirada nas epopeias homéricas, a obra narra a jornada do herói troiano Eneias, desde a queda de Troia até sua chegada ao Lácio, onde lançará as bases da futura Roma.

Virgílio, escrevendo a pedidos do imperador Augusto, dá à Eneida um tom solene e profético. Eneias não é apenas um guerreiro; ele é portador do destino inevitável traçado pelos deuses, que o impele a cumprir uma missão maior do que ele mesmo. A submissão de Eneias ao dever e sua renúncia a paixões pessoais (como no célebre abandono de Dido) ilustram o ideal da virtude romana de devoção à pátria, aos deuses e à família.

A leitura é difícil, pois o autor usa uma linguagem refinada, cheia de imagens poéticas (li acompanhado de um professor que explicava livro por livro no detalhe). A estrutura narrativa equilibra ação e introspecção, mesclando episódios heroicos com momentos de grande humanidade. A descida ao mundo dos mortos, no Livro VI é um dos pontos altos da obra, onde Eneias encontra seu pai e vislumbra o destino glorioso de Roma.

A influência homérica é visível: os seis primeiros livros ecoam a Odisseia (viagem e provações), e os seis últimos a Ilíada (guerras e batalhas).

A Eneida é uma obra profundamente marcada pelo contexto da ascensão de Augusto e do fim das guerras civis romanas. A epopeia legitima o novo regime ao apresentar Eneias como antepassado da família Julia, que é a família do imperador. Roma surge como a culminação de um plano divino universal — um império destinado a trazer paz e ordem ao mundo.

Essa dimensão política, no entanto, não elimina a tensão trágica da narrativa. Alguns apontam a ambiguidade do final, com Eneias matando Turno em um gesto de fúria que parece contradizer sua imagem de piedade. Prefiro ter uma outra leitura que é mais sombria: a fundação de Roma vem à custa de dor, sacrifício e destruição.

domingo, junho 29, 2025

Três Para Casar


Três para Casar, publicado em 1951, é uma reflexão profunda e espiritual sobre o matrimônio, escrito pelo arcebispo católico Fulton Sheen (1895-1979). O livro parte da premissa de que um casamento verdadeiramente feliz e sólido não é apenas uma união entre duas pessoas, mas entre três: o homem, a mulher e Deus. 

Sheen aborda o casamento não apenas como um contrato social ou um arranjo humano, mas como um sacramento, uma realidade espiritual que reflete o amor divino. Ele explora temas como o amor autêntico, o sentido do corpo e da sexualidade, a importância da castidade, a preparação para o matrimônio e os perigos do materialismo e do egoísmo nas relações. 

Sheen consegue unir filosofia, teologia e psicologia de maneira clara e acessível. Ele explica conceitos complexos sobre o amor e o matrimônio de forma que tanto leigos quanto estudiosos possam compreender. 

Um dos méritos da obra é apresentar o amor conjugal não como mera busca de satisfação pessoal, mas como entrega, sacrifício e compromisso mútuo, enraizado em Deus. 

O livro é provocativo e enriquecedor para quem busca compreender o casamento como algo além do aspecto legal ou afetivo, inserido em um plano espiritual maior. Em tempos de alta taxa de divórcios e relações líquidas, o livro oferece uma alternativa sólida, baseada em valores perenes como fidelidade, sacrifício e presença divina.

segunda-feira, junho 23, 2025

Paraíso Reconquistado

Depois de ler a obra prima, Paraíso Perdido, agora é a vez de sua continuação: Paraíso Reconquistado. Publicado em 1671, nesta obra John Milton (1608-1674) retoma os temas bíblicos da queda e redenção, mas agora sob a perspectiva do triunfo moral e espiritual de Cristo diante das tentações do diabo no deserto, conforme relatado nos Evangelhos, principalmente no de Lucas.

Ao contrário do estilo grandioso e dramático de Paraíso Perdido, Paraíso Reconquistado é mais contido, com um foco narrativo mais restrito. Em apenas quatro cantos, Milton narra a tentação de Cristo no deserto, quando, após jejuar por quarenta dias, Ele é confrontado por Satanás e rejeita todas as suas tentações, demonstrando sua superioridade espiritual e sua resistência inabalável.

Milton abandona aqui as épicas batalhas celestiais e quedas cósmicas para concentrar-se na luta interna e moral. A obra é admirável por sua profundidade filosófica e teológica, tratando do verdadeiro significado da vitória espiritual. O Cristo é um símbolo do autodomínio, da razão e da obediência à vontade divina, opondo-se ao orgulho e à sedução material apresentados por Satanás. 

Outro ponto de destaque é a habilidade de Milton em apresentar o Diabo não como um ser grotesco, mas como um mestre da retórica e da manipulação, o que torna as tentações intelectualmente desafiadoras. A vitória de Cristo, portanto, não é apenas sobre desejos carnais ou mundanos, mas sobre o engano e a distorção da verdade. 

Apesar de sua recepção mais modesta, Paraíso Reconquistado permanece como uma peça fundamental na compreensão da redenção cristã e do papel de Cristo como o "novo Adão" que restaura a possibilidade de salvação perdida no Éden.

sábado, junho 21, 2025

Prefácio ao Paraíso Perdido


No ensaio o Prefácio ao Paraíso Perdido, publicado em 1942, C. S. Lewis (1898-1963) oferece ao leitor muito mais do que uma introdução à obra-prima de John Milton. Trata-se de um estudo sobre poesia épica, mitologia, moralidade e crítica literária, com um rigor acadêmico que faz jus ao conhecimento do professor. A obra é um pouco difícil de ler, mas Lewis ilumina alguns aspectos essenciais do poema.

Lewis começa por situar O Paraíso Perdido dentro da tradição das epopeias clássicas, como as de Homero e Virgílio, e defende a necessidade de compreendê-lo à luz de suas convenções literárias e culturais. Ele discute temas como hierarquia, obediência, liberdade e a queda do homem.

Um dos pontos altos do livro é a defesa que Lewis faz da objetividade moral presente em Milton. Ele afirma que, para compreender O Paraíso Perdido, é necessário aceitar, ainda que temporariamente, a visão teocêntrica do autor, caso contrário, perde-se a força dramática e poética da narrativa.

Sua leitura é, ao mesmo tempo, conservadora e provocadora: conservadora no resgate de valores tradicionais da crítica e da teologia cristã; provocadora ao desafiar as interpretações modernistas de sua época, especialmente a visão romantizada de Satã como um rebelde heroico.

Ainda assim, o livro permanece um boa leitura para qualquer estudante ou amante da literatura clássica e da crítica literária. Lewis não apenas nos ajuda a compreender O Paraíso Perdido; ele nos ensina a ler com mais atenção, com mais profundidade e com mais reverência.

sexta-feira, junho 13, 2025

Os Noivos


Publicado em 1842, Os Noivos é amplamente considerado o maior romance da literatura italiana. Alessandro Manzoni (1785-1873) constrói uma poderosa fusão entre o drama pessoal e o retrato social, ao mesmo tempo em que eleva a prosa italiana a um novo patamar de clareza e unidade linguística.

A trama se passa na Lombardia do século XVII, durante o domínio espanhol, e acompanha a história de Renzo e Lucia, dois camponeses humildes que lutam para se casar em meio a obstáculos sociais, políticos e religiosos. O vilão Don Rodrigo representa a corrupção dos poderosos, enquanto personagens como o Frei Cristóvão e o Cardeal Borromeu encarnam a força moral da fé cristã e da caridade.

Do ponto de vista literário, Os Noivos se destaca por sua estrutura equilibrada e pelo uso sutil da ironia. Manzoni intercala a narrativa com digressões históricas — como a peste de Milão ou a carestia — sem perder de vista o fio emocional da história principal. Essa fusão entre o épico coletivo e o drama íntimo é uma das grandes virtudes do romance.

Manzoni também promove uma crítica social poderosa: condena o autoritarismo, a ignorância promovida pelas elites e a passividade das massas. Ao mesmo tempo, aponta para a redenção possível através da fé, do arrependimento e da ação moral individual.

Apesar de sua densidade histórica e religiosa, o romance mantém um ritmo envolvente, com momentos de tensão, ternura e reflexão profunda. É uma leitura para quem busca compreender como o romance moderno europeu nasceu da fusão entre o realismo histórico e a sensibilidade moral.

domingo, junho 08, 2025

Santuário São João Bosco


Hoje eu precisei assistir a missa um pouco mais cedo do que o horário que a minha paróquia celebra a missa e com isso procurei uma paróquia que celebrasse a missa às 18h (bendita Igreja Católica onde temos a mesma celebração em todas as paróquias).

Usando a pesquisa de horários de missas (https://arqbrasilia.com.br/horarios-de-missas/) disponível no site da Arquidiocese de Brasília verifiquei que o Santuário São João Bosco na Asa Sul teria missa nesse horário. Como sempre tive interesse em visitar essa paróquia decidi ir assistir a missa de hoje lá.

A paróquia é bem imponente, mas, sinceramente, ela não é bonita. É um grande caixote com várias pilastras. Ela tem um pórtico de entrada feito de bronze que traz um diferencial para o prédio. 

Internamente ela é bem imponente com um enorme lustre no centro e os vitrais nas paredes são bem bonitos.

A paróquia é administrada pelos Salesianos e foi inaugurada em 1970.



sexta-feira, junho 06, 2025

Post Número 900!!


Foram quase 2 anos e cheguei a 900 postagens! Não foi o menor prazo, mas bem melhor do que alguns anos atrás.

Desde dezembro/2006, esses foram os tempos que levei para chegar em cada marca:

Para o 100º post levei 1 ano e 9 meses
Para o 200º post levei 1 ano e 7 meses
Para o 300º post levei 2 anos e 8 meses
Para o 400º post levei 3 anos e 3 meses
Para o 500º post levei 1 ano e 11 meses
Para o 600º post levei 2 anos e 8 meses
Para o 700º post levei 1 anos e 6 meses
Para o 800º post levei 1 anos e 3 meses
Para o 900º post levei 1 anos e 10 meses

As publicações foram de Agosto/2023 a Junho/2025. Na época que escrevi o 800º post eu estimei que levaria em torno de 2 anos para chegar nesse marco. Errei por bem pouco...

Imagino que devo levar o mesmo tempo para escrever o 1.000º post. Veremos daqui 2 anos!

quinta-feira, junho 05, 2025

Pavimentação do Condomínio - Conjunto Concluído!


Hoje foi um dia muito esperado por mim! Depois de 12 anos morando aqui, finalmente chegou a obra mais esperada por nós condôminos: a pavimentação total do condomínio!

Eles entregaram hoje a pavimentação da minha rua a qual começou no dia 17 de maio. Houve alguns atrasos, mas nada que diminuísse a alegria de ter finalmente pavimentação até a porta da minha casa!

Daqui pra frente o que falta no condomínio são meros detalhes que irá apenas valorizar mais o imóvel e deixar mais bonito o condomínio.

Mas para mim, a sensação é de ter agora 100% da estrutura necessária para ter uma boa qualidade de vida.

domingo, maio 25, 2025

Epopeia de Gilgámesh


Até 1850 os clássicos de Homero (Ilíada e Odisseia) eram considerados os escritos mais antigos que chegaram até nós, os quais foram escritos ao redor do século VIII a.C.

Entretanto, com as descobertas de fragmentos de tábuas no Iraque, fomos agraciados em conhecer A Epopeia de Gilgamesh. Portanto, esses escritos agora são considerados a obra literária mais antiga da humanidade, com registros que remontam a cerca de 2100 a.C., na antiga Mesopotâmia.

O texto, escrito em tábuas de argila usando a escrita cuneiforme, narra as aventuras do rei Gilgamesh de Uruk e aborda temas fundamentais da condição humana, como a amizade, a busca pela imortalidade, o medo da morte e a aceitação dos limites humanos.

A narrativa se destaca pela complexidade psicológica de seus personagens. Gilgamesh começa como um rei tirano e opressor, mas sua amizade com Enkidu, criado pelos deuses para freá-lo, transforma profundamente sua visão de mundo. A morte de Enkidu é o catalisador da grande busca de Gilgamesh por respostas sobre a vida e a morte, levando-o a empreender uma jornada mítica em busca da imortalidade.

Um dos aspectos mais notáveis da epopeia é sua reflexão filosófica sobre a finitude humana. A obra não oferece uma solução mágica para a angústia da morte; ao contrário, sugere que a imortalidade reside na memória das realizações humanas e na perpetuação da civilização.

A Epopeia de Gilgamesh é uma leitura essencial não apenas pelo seu valor histórico, mas também pela sua profunda contribuição à literatura e à filosofia. É uma obra que convida à reflexão sobre o sentido da vida e o legado que deixamos.

quinta-feira, maio 22, 2025

Bucólicas

 


As Bucólicas (ou Éclogas), escritas por Virgílio (70 a.C.-19 a.C.) por volta de 42 a.C., representam uma das obras mais importantes da poesia pastoral da Antiguidade. Compostas por dez poemas curtos, a obra mistura a idealização da vida campestre com profundas reflexões políticas e existenciais.

Virgílio não se limita a descrever a beleza idealizada da natureza e do cotidiano dos pastores, mas aborda também as inquietações e angústias de seu tempo, como as consequências das guerras civis romanas, a perda de terras por parte dos camponeses e a busca por um refúgio espiritual frente ao caos político.

Um dos aspectos mais notáveis da obra é o equilíbrio entre forma e conteúdo. A linguagem é refinada (tanto é que nao dá para ler sem notas explicarivas), repleta de imagens bucólicas, mitológicas e alusões eruditas, enquanto os temas são universais: o amor não correspondido, a amizade, a saudade, a perda e a esperança. A quarta égloga, em especial, é famosa por anunciar o nascimento de uma criança que traria uma nova era de paz e prosperidade, um motivo que, séculos depois, seria interpretado pelos cristãos como uma prefiguração do nascimento de Cristo.

As Bucólicas estabeleceram um modelo que influenciou profundamente a literatura europeia, sendo uma obra que ultrapassa seu contexto histórico e permanece atual pela beleza estética, pela densidade simbólica e pela delicadeza com que trata temas universais.

sexta-feira, maio 16, 2025

Odisseia


A Odisseia é uma das obras fundadoras da literatura ocidental e um marco da poesia épica. Atribuída a Homero (séc VIII a.C.), essa narrativa segue o retorno do herói Odisseu à sua terra natal, Ítaca, após a guerra de Troia. Mais do que uma simples aventura, o poema mergulha em temas universais como a astúcia, a fidelidade, o sofrimento humano e a superação.

A obra mescla mitologia, simbolismo e realidade em um enredo que, embora fantástico, dialoga profundamente com a condição humana. Odisseu enfrenta monstros (como Cila e Caríbdis), tentações (Circe, Calipso), e provações interiores, mostrando não apenas força física, mas inteligência e estratégia.

Além de Odisseu temos personagens bem interessantes como Penélope e Telêmaco que ganham destaque próprio, mostrando que a Odisseia é também uma narrativa familiar e política, e não apenas pessoal.

A figura de Odisseu pode ser interpretada como ambígua: herói por excelência, mas também ardiloso e manipulador. Essa complexidade o torna mais humano e menos idealizado do que outros heróis da época.

A Odisseia é mais do que um épico de retorno; é uma meditação sobre o tempo, o lar, o destino e a identidade. Sua influência se estende por séculos, alimentando obras literárias, filosóficas e artísticas do Ocidente até os dias de hoje.

quinta-feira, maio 08, 2025

Temos um novo Papa: Leão XIV

Hoje foi mais um dia histórico para a Igreja de Cristo, a nossa Igreja Católica! Temos um novo Pastor para nos guiar ao eterno Cordeiro; um novo "Pai" que cuidará da nossa Santa Igreja a partir de hoje.

Hoje foi eleito o 267º Papa que escolheu o nome de Leão XIV para o seu pontificado. Sucessor do Papa Francisco que faleceu no último 21 de abril aos 88 anos, o Cardeal Robert Francis Prevost é norte-americado e tem atualmente 69 anos (a título de comparação o Papa Francisco foi eleito Papa aos 76 anos).

Eu nasci sob o pontificado de São João Paulo II (1978 a 2005). Mesmo não praticando nenhuma religião nesse período, sempre o reconheci como a figura pública da Igreja Católica e enxergava nele uma pessoa que trazia uma paz de espírito pelo semblante que ele caregava.

Lembro de acompanhar um pouco o Conclave do seu sucessor, o Papa Bento XVI (2005 a 2013), apenas com o intuito de estar infomado de uma cerimônia que o mundo todo estava vendo. Acompanhei muito pouco o seu pontificado, chegando em mim apenas as notícias que detratavam a sua imagem.

O Conclave do seu sucessor, o Papa Franciso (2013 a 2025), eu acompanhei um pouco mais de perto e o que mais me chamou a atenção foi as comparações que a mídia fazia dele com o Bento XVI que havia renunciado por problemas de saúde. A comparação imediata foi em suas vestimentas e paramentos que seriam mais simples ao invês das "ponposas" vestimentas que o Bento XVI usava.

Hoje, com 3 anos e meio de retorno à Igreja, posso afirmar que acompanhei de verdade e com entusiasmo a eleição do novo Papa. Não me importava qual seria o Cardeal eleito, apenas ansiava em saber qual homem abriria mão de sua vida para se dedicar integralmente a um dos trabalhos mais difíceis desse planeta. O Conclave começou ontem e hoje por valta das 14:15 da tarde pude acompanhar ao vivo a sua anunciação.

Rezemos pelo novo Papa e que ele possa conduzir nossa Igreja até o seu sucessor. Assim até o fim dos tempos!



quarta-feira, maio 07, 2025

Livro de Ouro da Mitologia


Se você ama mitologia, precisa conhecer esse clássico! 

Publicado originalmente em 1855 como The Age of Fable, de Thomas Bulfinch (1796-1867), é uma das obras mais influentes na divulgação da mitologia clássica no mundo ocidental. Bulfinch reúne e reconta mitos greco-romanos, nórdicos e célticos de maneira acessível, pedagógica e literariamente envolvente, tornando-se uma ponte entre o conhecimento erudito da Antiguidade e o público leitor moderno.

Uma das principais qualidades da obra é a clareza com que Bulfinch apresenta os mitos. Ele reconta as histórias com uma linguagem simples, porém elegante, e com contextualizações históricas e literárias que ajudam o leitor a compreender os significados simbólicos, culturais e morais dos mitos. Além disso, interliga os mitos às referências da literatura inglesa e europeia, o que reforça sua função educativa.

No entanto, a obra carrega as marcas de seu tempo. Bulfinch reinterpreta os mitos sob uma ótica moralizante suavizando elementos eróticos e violentos presentes nos relatos originais.

A obra tem uma importância histórica incontestável. Tornou-se um guia de referência para gerações de leitores e estudantes. Seu estilo narrativo influenciou obras posteriores e serviu como uma introdução ao universo mitológico para leitores do século XIX até hoje.

É uma leitura obrigatória para quem quer entender como os mitos moldaram a cultura ocidental. Ideal para iniciantes e ótimo ponto de partida para quem quer se aprofundar depois.

sexta-feira, maio 02, 2025

Muito Barulho por Nada

 


Muito Barulho por Nada é uma das comédias mais conhecidas de William Shakespeare (1564-1616), escrita por volta de 1598–1599. A peça combina elementos de romance, intriga, mal-entendidos e jogos de palavras, criando uma narrativa envolvente e espirituosa. Ambientada em Messina, na Sicília, a história gira em torno de dois casais: o apaixonado e jovem Cláudio e Hero, e os espirituosos e cínicos Benedito e Beatriz.

O título já oferece uma pista sobre a natureza da obra: um drama construído sobre equívocos, rumores e mal-entendidos — ou seja, muito barulho por nada.

O ponto alto da peça está nas trocas verbais entre Benedito e Beatriz. O humor sarcástico e o jogo de palavras entre os dois revelam não só inteligência aguda, mas também sentimentos profundos mascarados por ironia.

Apesar de ser uma comédia, Shakespeare insere críticas sutis aos papéis de gênero e às expectativas sociais. Hero é envergonhada publicamente por um crime que não cometeu, o que revela a fragilidade da honra feminina diante do julgamento masculino.

A peça tem uma estrutura clássica de comédia shakespeariana, com confusões amorosas, vilões (como Dom João) e uma resolução harmoniosa. No entanto, a leveza da forma contrasta com temas sérios como o orgulho, a honra e a lealdade.

Muito Barulho por Nada é uma comédia cheia de charme, ironia e reflexões sobre o amor, a linguagem e a natureza humana.

quinta-feira, maio 01, 2025

Frankenstein

 


Publicado em 1818, Frankenstein é uma das obras fundadoras da ficção científica, mas vai muito além do gênero ao explorar temas filosóficos e existenciais profundos. Mary Shelley (1797-1851), com apenas 19 anos quando escreveu o romance, constrói uma narrativa complexa e profundamente humana, que discute os limites do conhecimento, a ética científica, e a alienação.

A trama gira em torno de Victor Frankenstein, um jovem cientista obcecado por descobrir os segredos da vida. Em seu isolamento e ambição desmedida, ele cria uma criatura a partir de partes de cadáveres e a traz à vida. O monstro, no entanto, é rejeitado desde o início – tanto pelo seu criador quanto pela sociedade – e, ao tentar entender o mundo e buscar aceitação, é confrontado com o preconceito, o abandono e a violência.

O grande mérito do livro está na ambiguidade moral: não há vilões ou heróis puros. O monstro, frequentemente visto como símbolo da monstruosidade, revela-se uma figura trágica, dotada de sentimentos e consciência. Já Victor, que deveria representar o progresso e a razão, se mostra irresponsável, cego por sua vaidade intelectual, incapaz de lidar com as consequências de seus atos.

Shelley também antecipa questões éticas que continuam relevantes: até onde a ciência deve ir? O que significa ser humano? Qual é o papel da responsabilidade na criação? Essas perguntas dão à obra uma atualidade surpreendente.

Frankenstein é uma obra-prima que transcende sua época e seu gênero. Mary Shelley oferece não apenas um suspense envolvente, mas um retrato sombrio da condição humana, da solidão e do desejo de pertencimento. É uma leitura essencial para quem busca entender os dilemas morais e existenciais do ser humano diante do poder de criação.

segunda-feira, abril 28, 2025

Paraíso Perdido

 


Que livro meus amigos! Entrou no rol dos melhores livros que já li.

Publicado em 1667, Paraíso Perdido é uma das mais ambiciosas epopeias já escritas na língua inglesa. John Milton (1608-1674), em versos brancos (sem rima) e com estrutura épica, reconta a narrativa bíblica da queda do homem – a desobediência de Adão e Eva e sua expulsão do Éden – com uma profundidade filosófica e estilística impressionante.

A obra é monumental tanto pela sua extensão quanto pelo escopo teológico, político e humano. Milton, profundamente influenciado por sua formação puritana e pelos conflitos políticos de seu tempo, articula não apenas um relato religioso, mas um debate sobre livre-arbítrio, obediência, autoridade e redenção.

Um dos aspectos mais fascinantes da obra é a complexidade da figura de Satanás, que abre o poema com sua queda do Céu e logo se destaca por sua retórica poderosa, inteligência astuta e senso de autonomia.

A linguagem de Milton é elevada, rica em imagens, referências clássicas e bíblicas, o que dificulta a leitura para o leitor moderno, mas como li uma edição cheia de notas, acabou facilitando a compreensão do texto. A habilidade do autor em criar imagens vívidas do Inferno, do Céu e do Éden, assim como de sondar os dilemas morais da humanidade, é notável.

O livro exige preparo e paciência: sua estrutura não é linear e a carga teológica é bem densa.  É um livro para se ler várias vezes ao longo da vida, pois o poema revela-se uma meditação profunda sobre o que significa ser humano, errar, buscar sentido e, sobretudo, redimir-se.

domingo, abril 20, 2025

O Evangelho de São Marcos: Cadernos de estudo bíblico


O Evangelho de São Marcos: Cadernos de Estudo Bíblico, de Scott Hahn (1957-), nos traz uma bela maneira de aproveitar melhor os ensinamentos de Jesus narrado por São Marcos, ou melhor dizendo, São Pedro.

O livro se destaca por sua profunda conexão com o magistério da Igreja Católica e a tradição dos Padres da Igreja.

Os mapas, quadros explicativos e perguntas de reflexão enriquecem o estudo pessoal e até para aqueles que querem estudar em grupo.

É uma obra valiosa e bem escrita para estudo devocional e catequético, especialmente no contexto católico.

sexta-feira, abril 18, 2025

Brasil: Uma História — Cinco Séculos de Um País em Construção

 

Continuando nas leituras da nossa história, queria um livro que falasse da história brasileira desde o princípio, porém sem o rigor do texto acadêmico.

Brasil: Uma História é uma obra que busca apresentar os principais eventos da formação do Brasil de forma acessível, envolvente e, sobretudo, instigante. O livro sintetiza os temas centrais da colonização portuguesa até o 2⁰ mandato do Presidente Lula combinando narrativa fluida com um olhar crítico e, muitas vezes, provocador.

Eduardo Bueno (1958-), jornalista e escritor, adota um tom quase coloquial, o que torna o livro ideal para leitores não especializados. Seu estilo direto, com toques de ironia e informalidade, rompe com a linguagem tradicional dos livros de história tradicionais. Ao invés de focar apenas em datas e eventos, ele constrói uma narrativa com personagens, conflitos e contradições, humanizando a história.

Além disso, o livro é ricamente ilustrado, o que para um livro de história é um deleite tornando a leitura bem mais agradável. 

Ha alguns problemas, pois em certos trechos, a busca por impacto narrativo leva a generalizações ou interpretações um tanto dramatizadas, o que pode causar desconforto entre leitores mais exigentes quanto ao rigor histórico.

Mesmo assim é uma obra muito boa para quem quer conhecer os principais fatos da história do Brasil de maneira envolvente e crítica. Embora não substitua estudos mais aprofundados, o livro cumpre bem o papel de despertar interesse pelo passado brasileiro e estimular reflexões sobre a identidade nacional. Seu maior trunfo talvez seja mostrar que a história do Brasil é, acima de tudo, fascinante, contraditória e viva.

terça-feira, abril 08, 2025

Picross S6

 


Um ano depois de ter terminado o 5º jogo da série, hoje finalizo o Picross S6. Foram 65 horas em 485 puzzles jogados.

Como joguei pouco nesses últimos meses, acabei levando mais tempo para conclui-lo.

sexta-feira, abril 04, 2025

História do Brasil: Tomo II

 

Depois de ter lido Os Sertões dias atrás, bateu uma vontade de ler mais sobre o Brasil Colonial.

Como eu li o Tomo I da História do Brasil do Padre Raphael Galanti (1840-1917) ano passado, decidi continuar e ler agora o Tomo II.

O Tomo II aborda o período colonial brasileiro entre 1624 e 1661, com ênfase nas invasões holandesas e nos conflitos que marcaram essa fase da história nacional. O autor adota uma perspectiva que integra elementos cívicos e religiosos, refletindo a tradição pedagógica jesuítica da época.​

O interessante é que a obra se destaca por utilizar fontes primárias, como os escritos de Frei Vicente do Salvador, oferecendo uma narrativa detalhada e distinta daquelas comumente ensinadas nas escolas.

Apesar de sua linguagem refletir o estilo do início do século XX, o que pode representar um desafio para a atualidade, a obra é considerada rica em detalhes e oferece uma visão aprofundada de um período crucial da história brasileira.

quarta-feira, abril 02, 2025

O Despertar da Senhorita Prim

 


O Despertar da Senhorita Prim é um romance reflexivo da escritora espanhola Natalia Sanmartin (1970-). Lançado em 2013, o livro mistura lirismo, filosofia e crítica sutil à modernidade, criando uma história envolvente que nos convida a pensar sobre o que realmente importa na vida.

A protagonista, Prudência Prim, é uma mulher culta, independente e com opiniões firmes, que aceita o trabalho de bibliotecária particular em São Ireneu de Arnois, uma pequena vila que parece saída de outro tempo. Lá, ela se vê cercada por pessoas com uma visão de mundo profundamente tradicional, que valorizam a cultura clássica, a fé, a vida simples e a educação personalizada das crianças.

O choque entre os ideais modernos de Prudência e os valores da comunidade local — especialmente os do enigmático "homem da poltrona", seu empregador — serve como o principal motor do enredo. Ao longo do livro, ela vai sendo confrontada com ideias que a desestabilizam, provocam e, aos poucos, a transformam.

O romance é permeado por referências literárias, filosóficas e religiosas (em especial ao cristianismo), o que confere profundidade ao enredo. A autora propõe uma reflexão sobre temas como feminilidade, fé, amor, educação, liberdade e o que significa, de fato, viver bem.

É uma leitura leve e prazerosa para quem aprecia livros que provocam reflexão interior e trazem uma crítica suave, porém firme, à pressa e superficialidade da vida moderna. É um convite à busca da beleza, da verdade e da bondade.

sexta-feira, março 28, 2025

Os Sertões

 


Esse foi um desafio!!!

Publicado em 1902, Os Sertões é uma obra fundamental da literatura brasileira e um marco da literatura sociológica e histórica do país. Escrito por Euclides da Cunha (1866-1909), o livro é uma análise detalhada da Guerra de Canudos (1896-1897), um dos mais violentos conflitos da história do Brasil.

Além da linguagem rebuscada que o autor usa, o livro é mais do que um romance: é um tratado sobre o sertanejo e o sertão baiano.

O livro é dividido em três partes:

1. A Terra – Nesta seção é apresentada a geografia e o clima do sertão nordestino, descrevendo o ambiente árido e hostil que molda a vida dos sertanejos. Seu olhar científico busca entender como o meio influencia os habitantes da região.

2. O Homem – Aqui, o autor analisa a formação social e racial do sertanejo, influenciado por indígenas, africanos e colonizadores portugueses. Ele caracteriza o sertanejo como um povo resistente e corajoso.

3. A Luta – Na parte final, Euclides narra os eventos da Guerra de Canudos, conflito entre o exército brasileiro e os seguidores de Antônio Conselheiro. A narrativa detalha a brutalidade dos combates e a tragédia do massacre final, expondo a desigualdade e a violência do Estado contra os sertanejos..

A República ainda estava recém instituída no País e Euclides denuncia a violência do governo republicano contra sua própria população, questionando os ideais civilizatórios da época. O receio da volta da Monarquia chancelou as atitudes do exército contra o povoado que não aceitava essa forma de governo. 

Os Sertões vai além da simples narrativa histórica e se torna um documento essencial para compreender as contradições do Brasil. Misturando literatura, sociologia e história, Euclides da Cunha criou um relato poderoso e minucioso da nossa história.

segunda-feira, março 17, 2025

A Maravilhosa Terra dos Snergs

 

A Maravilhosa Terra dos Snergs, publicado em 1927, conta a história de dois órfãos, Joe e Sylvia, que vivem em uma colônia administrada por uma mulher bondosa chamada Miss Watkyns. Certo dia, por acidente, eles acabam descobrindo um caminho misterioso que os leva à terra dos Snergs, um povo pequeno e robusto. Lá, eles fazem amizade com Gorbo, um Snerg atrapalhado e bondoso, que os acompanha em uma jornada cheia de desafios e encontros com criaturas fantásticas.

O livro mistura aventura, humor e elementos de contos de fadas clássicos, criando uma narrativa encantadora para crianças e adultos. A escrita de Wyke-Smith (1871-1935) tem um tom leve e divertido, com personagens cativantes e um mundo imaginativo.

O livro é muitas vezes citado como uma das influências de J. R. R. Tolkien para O Hobbit. Os Snergs possuem características semelhantes aos hobbits – são pequenos, teimosos e apreciam boa comida. Embora menos conhecido, o livro é uma leitura valiosa para quem aprecia fantasia clássica.

Essa é uma história divertida e encantadora, com personagens carismáticos e uma jornada cheia de reviravoltas. É uma ótima escolha para fãs de literatura infantojuvenil e de fantasia clássica. Uma excelente escolha para os pais que ainda possuem o costume de ler para os seus filhos antes deles dormirem. 

sexta-feira, março 14, 2025

São Pio X: A Vida do Papa que Organizou e Reformou a Igreja


O livro "São Pio X: A Vida do Papa que Organizou e Reformou a Igreja", é uma biografia detalhada de São Pio X, nascido Giuseppe Melchiorre Sarto, que liderou a Igreja Católica de 1903 a 1914. A autora utiliza rigor histórico e fontes primárias, incluindo cartas pessoais e documentos inéditos, para traçar um retrato íntimo deste papa santo.

A obra destaca a trajetória de São Pio X desde sua humilde infância até sua ascensão ao papado, enfatizando seu lema "Restaurar todas as coisas em Cristo" (Ef 1,10). Durante seu pontificado, ele implementou reformas significativas na catequese, na música sacra, na formação sacerdotal e no Direito Canônico. Sua luta contra o modernismo, que ele chamou de "síntese de todas as heresias", é abordada com profundidade, mostrando seu compromisso com a pureza da doutrina católica. 

Cristina Siccardi (1966-) apresenta São Pio X como um líder cuja missão permanece atual, ressaltando sua defesa incansável da fé, profunda devoção eucarística e zelo pastoral. 

Com uma narrativa envolvente e bem fundamentada, o livro é uma leitura essencial para aqueles que desejam conhecer mais sobre a vida e as contribuições de São Pio X para a Igreja Católica.

domingo, março 09, 2025

Paróquia São Francisco do Litoral


Dia de participar da Santa Missa em uma paróquia longe de casa. Como estávamos de férias no litoral bahiano, fomos à Paróquia São Francisco do Litoral que fica na Praia do Forte no município de Mata de São João.

Fundada por volta de 1900 por pescadores locais foi construída com simplicidade e abriga imagens de São Francisco de Assis, São Benedito e Nossa Senhora da Conceição. Destacam-se as pinturas da Via Sacra que enriquecem o interior do templo.


Uma pena que houve alguns abusos litúrgicos na missa, mas o que importa é que o pude fazer  a minha adoração e manter o sacramento em dia.

sexta-feira, março 07, 2025

As 5 Linguagens do Amor


Publicado originalmente em 1992, As 5 Linguagens do Amor é um livro escrito pelo pastor e conselheiro matrimonial Gary Chapman (1938-). A obra parte da premissa de que cada pessoa expressa e recebe amor de maneiras diferentes, e que compreender essas diferenças é essencial para construir relacionamentos saudáveis e duradouros.

Chapman identifica cinco formas principais pelas quais as pessoas demonstram e percebem amor:

1. Palavras de Afirmação – Expressões verbais de carinho, elogios e encorajamento. Pessoas que têm essa linguagem principal se sentem amadas ao ouvir palavras gentis e incentivadoras.

2. Tempo de Qualidade – Atenção plena e momentos significativos compartilhados. Para quem valoriza essa linguagem, estar presente e dar atenção exclusiva é essencial.

3. Presentes – Pequenos ou grandes gestos materiais que demonstram consideração. Não se trata do valor monetário, mas do significado do presente.

4. Atos de Serviço – Ações que facilitam a vida do outro, como preparar uma refeição ou ajudar com tarefas diárias. O amor é demonstrado por meio da dedicação prática.

5. Toque Físico – Abraços, beijos, carícias e contato físico como forma de conexão e segurança emocional.

Chapman argumenta que muitos conflitos nos relacionamentos surgem porque as pessoas expressam amor de formas diferentes. Se alguém cuja linguagem principal é "tempo de qualidade" está em um relacionamento com alguém que prioriza "atos de serviço", pode haver frustrações e mal-entendidos. A solução, segundo o autor, é aprender a reconhecer a linguagem do parceiro e praticá-la de maneira intencional.

As 5 Linguagens do Amor é um livro útil para quem deseja melhorar a comunicação e fortalecer os laços afetivos. Com uma abordagem prática, ele incentiva a empatia e o esforço mútuo no relacionamento.