No ensaio o Prefácio ao Paraíso Perdido, publicado em 1942, C. S. Lewis (1898-1963) oferece ao leitor muito mais do que uma introdução à obra-prima de John Milton. Trata-se de um estudo sobre poesia épica, mitologia, moralidade e crítica literária, com um rigor acadêmico que faz jus ao conhecimento do professor. A obra é um pouco difícil de ler, mas Lewis ilumina alguns aspectos essenciais do poema.
Lewis começa por situar O Paraíso Perdido dentro da tradição das epopeias clássicas, como as de Homero e Virgílio, e defende a necessidade de compreendê-lo à luz de suas convenções literárias e culturais. Ele discute temas como hierarquia, obediência, liberdade e a queda do homem.
Um dos pontos altos do livro é a defesa que Lewis faz da objetividade moral presente em Milton. Ele afirma que, para compreender O Paraíso Perdido, é necessário aceitar, ainda que temporariamente, a visão teocêntrica do autor, caso contrário, perde-se a força dramática e poética da narrativa.
Sua leitura é, ao mesmo tempo, conservadora e provocadora: conservadora no resgate de valores tradicionais da crítica e da teologia cristã; provocadora ao desafiar as interpretações modernistas de sua época, especialmente a visão romantizada de Satã como um rebelde heroico.
Ainda assim, o livro permanece um boa leitura para qualquer estudante ou amante da literatura clássica e da crítica literária. Lewis não apenas nos ajuda a compreender O Paraíso Perdido; ele nos ensina a ler com mais atenção, com mais profundidade e com mais reverência.
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