sexta-feira, outubro 24, 2025

Como Ser Cristão


Como ser Cristão, publicado em 2018, reúne uma seleção de ensaios, cartas e artigos de C.S. Lewis (1898-1953), editados postumamente, com o objetivo de oferecer “os melhores insights de Lewis sobre a prática cristã e sua expressão no dia-a-dia”.

O autor trabalha algumas ideias como a definição de “ser cristão” não ser apenas uma afiliação ou crença, mas como um modo de viver, trazendo a importância da humildade, do perdão, da caridade e da renúncia de si mesmo.

Mesmo sendo fragmentário, o livro chama atenção para a coerência entre fé e prática, algo que muitos cristãos consideram difícil hoje. Por exemplo, o capítulo sobre perdão como prática necessária é muito simples de entender, mas é desafiador de se colocar em prática.

O livro oferece percepções valiosas sobre como a fé pode alimentar não só a vida pessoal, mas também a justiça e o serviço ao próximo.

Temos aqui uma boa porta de entrada rica e honesta para a vida cristã: leve o suficiente para não sobrecarregar, profundo o bastante para provocar.

domingo, outubro 19, 2025

O Pai Goriot

Publicado em 1835, O Pai Goriot é uma das obras mais emblemáticas de Honoré de Balzac (1799-1850) e peça central do vasto ciclo A Comédia Humana, projeto literário monumental que buscava retratar a sociedade francesa em toda a sua complexidade moral, social e econômica.

A narrativa se passa em Paris, por volta de 1819, e tem como cenário principal a pensão Vauquer, um microcosmo social onde convivem personagens de diferentes origens e ambições. É ali que se cruzam as trajetórias de Rastignac, um jovem estudante de Direito ambicioso e idealista, e de Goriot, um velho comerciante que se arruinou financeiramente para sustentar suas duas filhas ingratas, Anastacia e Delphine.

O drama central do romance é o amor paterno absoluto e trágico de Goriot, que sacrifica tudo — dinheiro, dignidade e saúde — por filhas que, uma vez casadas e inseridas na alta sociedade, passam a desprezá-lo. Balzac transforma essa relação em uma poderosa alegoria do egoísmo e da corrupção moral da burguesia parisiense, onde o dinheiro se torna o verdadeiro mediador de todas as relações humanas.

Balzac combina realismo minucioso e observação social precisa, descrevendo ambientes, vestimentas e gestos com riqueza de detalhes quase científica.

O romance é considerado o “Rei Lear burguês”, pela semelhança com a tragédia de Shakespeare — um pai dilacerado pelo amor desmedido a filhas ingratas —, mas transposto para o contexto da ascensão burguesa e da luta por status no século XIX. Só que Goriot não tem a sua Cordélia para amenizar a tragédia que se abate sobre si.

A força do romance está tanto no retrato psicológico profundo de Goriot quanto na precisão sociológica da crítica balzaquiana. O leitor, ao final, é confrontado com uma pergunta perturbadora: qual o preço da ascensão social em uma sociedade movida pelo dinheiro?

sábado, outubro 18, 2025

Nintendo Switch 2

 


Não tem jeito! Nintendo é meu fraco!! Se passaram apenas 4 meses após o lançamento do novo console da Nintendo e hoje chega o Nintendo Switch 2 à minha casa.

Na época do lançamento do Switch 1 eu comprei ele com 5 meses de mercado e agora refaço o mesmo caminho que fiz com a 1ª versão desse maravilhoso console.

Comprei o Switch 1 em agosto/2017 e foram oito ótimos anos que ele me serviu bem e, com certeza, o console que mais joguei nesses anos, mesmo tendo o PS5 e o XONE em casa.

Com a chegada do Switch 2 em casa, pela primeira vez em anos, irei me desfazer de um console, pois não faz sentido manter o Switch 1, sendo que este novo console é totalmente retrocompatível com os jogos antigos.

Consegui comprar até num preço bom, um pouco abaixo do preço que está sendo praticado no mercado (paguei R$ 3.554,00).

Já pude jogar um pouco e realmente a diferença é muito grande comparado com a versão 1. A tela é maior, o som é melhor, o encaixe dos controles foi melhorado, ou seja, Nintendo fazendo a evolução natural de um console que fez história na empresa!

Mantenho os 33 consoles na coleção.

CONSOLES DE MESA (25):

  • Nintendo: NES, Super Nintendo, Nintendo 64, Game Cube, Wii, Wii U e Switch 2
  • Sega: Master System; Mega Drive, Sega CD, Saturn e Dreamcast;
  • Sony: PS1, PS2, PS3, PS4 e PS5
  • Microsoft: Xbox; Xbox 360, Xbox One S, Xbox Series X;
  • Outros: Odyssey2, Atari 2600, Ouya e Neo Geo CD.

CONSOLES PORTÁTEIS (8):

  • Nintendo: Game Boy, Game Boy Color, Game Boy Advance SP, DS e New 3DS XL.
  • Sony: PSP e PS Vita;
  • GamePad Digital: GPD XD


sexta-feira, outubro 10, 2025

O Livro das Maravilhas


 Publicada em 1912, O Livro das Maravilhas reúne catorze contos curtos acompanhados das ilustrações de Sidney Sime, que dialogam com o texto. Esse é um caso raro, onde as ilustrações nasceram primeiro e o autor escreveu a história imaginando os acontecimentos de cada imagem. O autor, Lord Dunsany (1878-1957), foi um dos pioneiros da literatura fantástica moderna. Ele influenciou profundamente autores como H. P. Lovecraft, J. R. R. Tolkien e Neil Gaiman. 

Portanto, cada conto apresenta um mundo imaginário autônomo, frequentemente habitado por deuses menores, aventureiros, ladrões e viajantes que desafiam os limites do real. Alguns exemplos: 

  • A Busca pelas Lágrimas da Rainha onde um herói tenta provocar emoção numa rainha incapaz de chorar.
  • Chu-Bu e Sheemish onde dois deuses rivais disputam a devoção dos fiéis. 
  • A Coroação do Sr. Thomas Shap onde um homem comum é coroado rei num mundo paralelo. 

Dunsany convida o leitor a sair do mundo racional e penetrar num universo onde o mistério é sagrado. 

Ele escreve com solenidade e lirismo, aproximando a prosa da linguagem dos contos de fadas e das epopeias clássicas.

Cada conto parece uma pequena lenda oral, narrada com simplicidade e reverência, mas impregnada de ironia e humor sutil. 

O Livro das Maravilhas é uma coletânea essencial para compreender as origens da fantasia literária moderna. Mais do que histórias isoladas, é uma ode à imaginação e ao poder do mito num mundo cada vez mais descrente da magia.

segunda-feira, outubro 06, 2025

O Alienista


Continuando no mundo Machadiano, temos aqui O Alienista (1882), uma novela que combina humor, ironia e filosofia para discutir os limites da razão, da loucura e do poder. 

A narrativa gira em torno do médico Simão Bacamarte, um renomado cientista que decide se dedicar ao estudo da mente humana. De volta à sua cidade natal, Itaguaí/RJ, ele funda a Casa Verde, um hospício destinado a abrigar os “loucos” da região. 

Com o passar do tempo, Bacamarte começa a internar praticamente todos os habitantes da cidade (políticos, religiosos, esposas, vizinhos) sob os mais variados pretextos. A cidade entra em caos, revoltas populares e crises políticas eclodem, mas o médico segue firme em sua “missão científica”. 

Em um desfecho surpreendente, Bacamarte decide que, talvez, os verdadeiramente loucos sejam os equilibrados demais e acaba internando a si próprio. 

Flertando entre a loucura e a razão, Machado coloca em xeque o que realmente significa ser “são”. A busca obsessiva de Bacamarte pela racionalidade absoluta o leva à própria loucura, expondo o perigo do excesso de razão. 

Além disso, as revoltas em Itaguaí revelam uma sociedade guiada por interesses pessoais e vaidades, não por princípios. Machado, com humor ácido, mostra como o poder e o prestígio corrompem tanto o cientista quanto os governantes. 

Temos em O Alienista uma alegoria universal sobre o poder, a ciência e a insanidade humana. A obra continua atual, pois questiona a racionalidade que governa as instituições e a tênue linha entre sanidade e loucura.

domingo, outubro 05, 2025

Dom Casmurro


Finalmente me adentrei numa das obras mais importantes da nossa literatura! Publicado em 1899, Dom Casmurro é uma das obras mais emblemáticas da literatura brasileira e um dos ápices do realismo machadiano. Narrado em primeira pessoa por Bento Santiago, o romance é uma reconstrução de memórias que buscam “atar as duas pontas da vida”, relembrando sua juventude, o amor por Capitu e o suposto adultério que teria destruído sua felicidade. 

A escrita de Machado de Assis (1839-1908) é marcada pela ironia, ambiguidade e introspecção psicológica. O narrador tenta justificar ao leitor o porquê de seu isolamento e melancolia. No entanto, à medida que a narrativa avança, percebe-se que Bento é um narrador pouco confiável, conduzindo o leitor por um labirinto de dúvidas.

A célebre suspeita sobre a fidelidade de Capitu — “olhos de cigana oblíqua e dissimulada” — nunca é confirmada nem desmentida, o que transforma o romance em um estudo sobre o ciúme, a insegurança e o poder da subjetividade. 

Dom Casmurro é um retrato atemporal da condição humana, de nossas incertezas, ilusões e autossabotagens. O romance se mantém atual por sua profundidade psicológica e por deixar ao leitor a tarefa de decidir se Capitu foi, de fato, culpada — ou se tudo não passou de uma tragédia inventada por um homem que amou mal. 

Ao final da história eu cheguei na minha opinião sobre a Capitu o que pode ser totalmente diferente da sua e ambos estaremos certos. Só por isso ja poderia considerar esse o melhor romance que já li na vida e ainda ter o orgulho de ser uma história genuinamente brasileira.

domingo, setembro 28, 2025

Ana Terra


Ana Terra, publicado originalmente em 1949 como parte da trilogia O Tempo e o Vento, narra a trajetória da personagem-título, uma mulher marcada pela dureza da vida nos pampas gaúchos do século XVIII, período de colonização e conflitos fronteiriços no sul do Brasil. 

A protagonista é retratada como símbolo da resistência e da luta feminina diante de uma realidade social e cultural hostil. Ana vive em um ambiente patriarcal, onde a mulher é destinada à submissão, mas sua força e determinação a transformam em figura de ruptura. Seu relacionamento com Pedro Missioneiro, de origem indígena, e a gravidez decorrente dele representam não apenas um conflito moral e familiar, mas também um choque cultural que expõe tensões entre preconceito, tradição e afetividade. 

Érico Veríssimo (1905-1975), com sua escrita fluida, não se limita a contar a saga de uma família; ele capta a construção da identidade do povo gaúcho. Ana Terra evidencia como a violência, a religiosidade e a luta pela terra moldaram o caráter de uma sociedade. Esse pequeno capítulo da trilogia original atiçou a vontade de ler toda a obra, algo que farei no futuro próximo. 

Enfim! Ana Terra é um livro que ultrapassa o regionalismo: é um retrato da condição humana diante da adversidade. A narrativa valoriza a coragem individual como alicerce da coletividade e reafirma o papel da mulher como protagonista silenciosa da história.

quarta-feira, setembro 24, 2025

Progresso na Vida Espiritual


Publicado em 1854, Progresso na Vida Espiritual do teólogo inglês Frederick Faber (1814-1863), que se converteu do anglicanismo ao catolicismo, é um tratado de espiritualidade católica que busca orientar o fiel no caminho de santificação progressiva. A obra se estrutura como um guia prático e meditativo, no qual o autor expõe, em linguagem profundamente devocional, as etapas do crescimento interior e da união com Deus. 

O ponto forte do livro está em sua combinação de clareza pastoral e densidade teológica. Faber não se limita a descrições abstratas da vida espiritual; ele propõe conselhos concretos para a prática da oração, da mortificação, da caridade e da confiança em Deus, com ênfase na ação da graça divina, sem anular a responsabilidade humana. 

O convite de Faber à perseverança, ao autoconhecimento espiritual e à busca sincera da santidade ressoa até hoje, mesmo para um livro escrito dois sefulos atras. Pontos que ele trazia à época que o inglês deveria tomar cuidado para não sair do caminho santificante, ressoa hoje como se tivéssemos feito o caminho contrário.

sexta-feira, setembro 12, 2025

A Arte de Viver


O Encheiridion, conhecido em português como A Arte de Viver, é um manual conciso do estoicismo elaborado a partir dos ensinamentos de Epiteto (50-138), compilados por seu discípulo Arriano. Ao contrário de tratados extensos, a obra tem caráter prático e direto: é menos um exercício especulativo e mais um guia de conduta para a vida cotidiana.

A mensagem central é a distinção entre o que está sob nosso controle (opiniões, desejos, escolhas) e o que não está (riqueza, saúde, reputação, morte). Epiteto insiste que a verdadeira liberdade e tranquilidade surgem ao concentrar-se apenas naquilo que depende de nós, aceitando o resto com serenidade. Essa postura torna-se um antídoto contra as perturbações e ansiedades que nascem do apego às circunstâncias externas.

A obra se destaca pela clareza e força moral de suas sentenças, mas também revela limitações. Sua ênfase na resignação pode parecer excessiva ou pouco prática em contextos sociais e políticos em que a ação coletiva é necessária para a justiça. Além disso, o foco na autossuficiência interior, embora libertador, pode soar individualista, relativizando a importância de vínculos comunitários ou afetivos, contrários aos ensinamentos cristãos. 

Ainda assim, sua relevância permanece viva: em um mundo marcado pela instabilidade, o chamado de Epiteto à disciplina interior, à aceitação lúcida e à liberdade espiritual continua atual. O livro não é apenas uma introdução ao estoicismo, mas uma provocação a repensarmos o que realmente controlamos em nossas vidas e o que nos aprisiona em falsas expectativas.

quinta-feira, setembro 11, 2025

História da Igreja: Marcas da presença de Cristo no Mundo


O livro História da Igreja: Marcas da presença de Cristo no Mundo, da historiadora italiana Angela Pellicciari (1948-), é uma introdução acessível e envolvente aos mais de dois mil anos de trajetória da Igreja Católica. Com linguagem clara, a autora apresenta os grandes marcos, crises, santos e concílios que moldaram a fé cristã, sempre ressaltando o testemunho espiritual que acompanha a história.

Um dos pontos fortes da obra é justamente este: mostrar que a Igreja não é apenas uma instituição, mas também uma comunidade viva, marcada pela ação de Cristo ao longo do tempo. Além disso, o livro não esconde momentos de perseguição, divisões internas e crises morais.

Há certa seletividade temática: a narrativa foca mais na experiência europeia e institucional, deixando em segundo plano perspectivas de comunidades periféricas, mulheres ou povos não ocidentais. Mas por ser um livro de 320 páginas, a autora teve que fazer várias concessões e essa foi uma delas.

Ainda assim, trata-se de uma leitura recomendada para católicos que desejam fortalecer sua compreensão da fé e da tradição.