Publicado em 1937, A Personalidade Neurótica do Nosso Tempo é uma das obras mais importantes da psicanalista alemã Karen Horney (1885-1952). No livro, Horney desafia algumas das ideias centrais de Sigmund Freud e apresenta uma visão inovadora sobre as neuroses, relacionando-as aos fatores socioculturais que moldam a vida moderna.
Horney argumenta que a neurose não é apenas um fenômeno individual, mas também um reflexo das pressões sociais e culturais do mundo contemporâneo. Ela examina como as condições sociais, como o individualismo, a competição desenfreada e as expectativas irreais, levam ao surgimento de conflitos internos que resultam em padrões neuróticos de comportamento.
A autora descreve a personalidade neurótica como alguém que lida com a ansiedade básica – um sentimento de insegurança e isolamento – através de estratégias disfuncionais, que incluem:
- Movimento para as pessoas: submissão extrema, buscando agradar para evitar rejeição.
- Movimento contra as pessoas: agressividade e hostilidade como formas de autoafirmação.
- Movimento para longe das pessoas: distanciamento emocional e isolamento para evitar o sofrimento.
Esses padrões são formas de lidar com a necessidade de afeto, segurança e pertencimento em um ambiente percebido como hostil ou indiferente.
Horney rejeita a ênfase freudiana nos instintos biológicos como origem das neuroses. Em vez disso, ela coloca o foco nas relações sociais e na cultura, sugerindo que o contexto em que uma pessoa vive tem impacto crucial em sua saúde mental. Essa abordagem humaniza a psicanálise, abrindo caminho para escolas posteriores de pensamento psicológico.
O livro é uma leitura fundamental para entender como as tensões do mundo moderno contribuem para problemas psicológicos. A obra continua relevante ao abordar como os fatores externos moldam nossas vidas internas, convidando o leitor a refletir sobre o impacto da sociedade em sua própria saúde mental.
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