sábado, fevereiro 24, 2024

Lições de Abismo


Mais um livro lido do fantástico Gustavo Corção (1896-1978), sendo o seu único romance.

Publicado em 1950, o romance tem a forma do diário de um homem que está a beira da morte. O personagem principal (José Maria) é diagnosticado com leucemia, sendo-lhe previstos no máximo mais três meses mais de vida. A partir dessa notícia, José Maria começa a anotar pequenas ocorrências de seu cotidiano e as cada vez mais frequentes viagens interiores que empreende.

Lembra muito Brás Cubas de Machado de Assis, porém o narrador de Lições de Abismo ainda se encontra vivo, mas sabendo da iminente morte.

A força do autor está no discurso cheio de poesia e de raciocínios inesperados, desconcertantes. O conteúdo dramático, espalha-se em meio à constante digressão. Mesmo assim, esperam pelo leitor surpresas e revelações nas páginas que antecedem imediatamente ao desfecho, e daquelas bem tipicamente romanescas: adultério explicado, filho que não é filho.

Sem dúvida, o grande recado que Corção desenha nesta obra é a necessidade de conhecer-se. Algo tão acessível, como difícil; não por complexidade técnica, mas porque implica desnudar a verdade e, consequentemente, alavanca a obrigação de se corrigir, de mudar. “Não há maior fragilidade do que essa da pessoa que sobre si mesma se engana. Mormente quando esse engano‚ é arquitetado e sistemático. Consegue-se tudo, facilmente, da pessoa que vive representando um papel de sua invenção. Basta entrar no jogo. O ator solitário logo se anima quando um outro pega a sua deixa”.

Uma leitura fascinante que requer tempo para saborear, para pensar. E tomar notas. E voltar sobre as páginas, nem que seja para degustar o belíssimo e elegante uso de língua portuguesa. Sem pressa, como numa conversa de bar. A pressa, inimigo mortal da reflexão, que Gustavo Corção incarna até no modo de tomar um café: “Antigamente, o café‚ era lugar de passatempo vadio. Por um tostão alugava-se um camarote para o espetáculo da rua, ou instalava-se por meia hora uma tertúlia literária. Hoje, com a generalização do serviço a infusão perdeu a nobreza que tinha, e que consistia precisamente em servir de pretexto a coisas mais altas. O café‚ era secundário, era subordinado, mas ha certas subordinações que conferem maior dignidade que a autonomia. Hoje o café é autônomo. Toma-se por ele mesmo, com a frieza racional e funcional com que se ingere uma laxante ou um analgésico. Toma-se um café, egoísta, solitário, vertical”.

domingo, fevereiro 18, 2024

Emburrecimento Programado


Escrito pelo professor norte-americado John Taylor Gatto (1935-2018), o livro Emburrecimento Programado (1992) é uma coleção de ensaios onde o professor propõe que uma mudança radical é necessária no sistema educacional americano para reverter a socialização negativa que as crianças recebem.

Gatto afirma que a escola confunde os alunos, apresentando um conjunto incoerente de informações que a criança precisa memorizar para permanecer na escola. Tirando os testes e ensaios, esta programação é semelhante à televisão; ocupa quase todo o tempo livre das crianças. Alguém vê e ouve algo, apenas para esquecê-lo novamente. Ensina-os a aceitar sua afiliação de classe . Isso os torna indiferentes. Isso os torna emocionalmente dependentes. Isso os torna intelectualmente dependentes. Ensina-lhes uma espécie de autoconfiança que requer confirmação constante por especialistas (autoestima provisória). Deixa claro para eles que não podem se esconder, pois estão sempre supervisionados.

Ele também traça um contraste entre comunidades e “redes”, sendo as primeiras saudáveis, e as escolas sendo exemplos das últimas. Ele diz que as redes se tornaram um substituto prejudicial à comunidade nos Estados Unidos.

O livro inspira as pessoas a não defenderam que o estado fortaleça mais as escolas e sim que voltemos a tomar conta da edução de nossas crianças, pois a escola não foi foi feita para educar e sim para "escolarizar" o que é muito diferente do objetivo inicial da educação.

quinta-feira, fevereiro 15, 2024

Padre Pio: A História Definitiva


Ler a biografia de um santo é sempre uma experiência interessante. Nos perguntamos se realmente estamos lendo uma obra de ficção ou a história de uma pessoa que realmente viveu entre nós.

Para quem tem fé a leitura de biografias de santos faz ela se robustecer e para quem não tem fé, creio eu, torna-se um martírio ter que ficar a todo momento convencendo a si mesmo que tudo não passa de uma invenção. Ler a história de São Pio de Pietrelcina (1887-1968) é um desses casos onde nos sentimos assim.

É impressionante o que esse santo italiano sofreu em sua vida e como há menos de 60 anos atrás tínhamos um grande santo vivendo entre nós, que fez tanto pelas pessoas em vida e também depois de falecido!

A biografia escrito pelo esritor norte-americado Bernard Ruffin (1947-2019) narra nos mínimos detalhes todos os aspectos de sua vida, desde o nascimento até o seu processo de canonização finalizado em 2002.