Que livro meus amigos! Entrou no rol dos melhores livros que já li.
Publicado em 1667, Paraíso Perdido é uma das mais ambiciosas epopeias já escritas na língua inglesa. John Milton (1608-1674), em versos brancos (sem rima) e com estrutura épica, reconta a narrativa bíblica da queda do homem – a desobediência de Adão e Eva e sua expulsão do Éden – com uma profundidade filosófica e estilística impressionante.
A obra é monumental tanto pela sua extensão quanto pelo escopo teológico, político e humano. Milton, profundamente influenciado por sua formação puritana e pelos conflitos políticos de seu tempo, articula não apenas um relato religioso, mas um debate sobre livre-arbítrio, obediência, autoridade e redenção.
Um dos aspectos mais fascinantes da obra é a complexidade da figura de Satanás, que abre o poema com sua queda do Céu e logo se destaca por sua retórica poderosa, inteligência astuta e senso de autonomia.
A linguagem de Milton é elevada, rica em imagens, referências clássicas e bíblicas, o que dificulta a leitura para o leitor moderno, mas como li uma edição cheia de notas, acabou facilitando a compreensão do texto. A habilidade do autor em criar imagens vívidas do Inferno, do Céu e do Éden, assim como de sondar os dilemas morais da humanidade, é notável.
O livro exige preparo e paciência: sua estrutura não é linear e a carga teológica é bem densa. É um livro para se ler várias vezes ao longo da vida, pois o poema revela-se uma meditação profunda sobre o que significa ser humano, errar, buscar sentido e, sobretudo, redimir-se.